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Azulejos são placas de barro cozido, quase sempre quadradas, tendo uma face esmaltada com motivos decorativos. Eram usados na arquitetura islâmica para o revestimento de fachadas e pavimentação de pisos.
 foto www.ceramicanorio.com.br
O vocábulo azulejo provém do árabe, de “alzuleicha”, que significa pedra polida ou pedra cintilante. O nome não tem necessariamente relação com a cor azul, apesar da maioria ser efetivamente azul, já que o uso do azulejo é anterior à predominância da cor azul.
A Azulejaria é uma das expressões mais originais da arte portuguesa. Foram os mouros quem introduziram a técnica da azulejaria na Península Ibérica. As antigas referências aos azulejos na Península Ibérica utilizam o termo “louça de barro vidrado”.
Azulejaria Brasileira

A maior parte da azulejaria encontrada no Brasil é de origem portuguesa. Os melhores exemplares podem ser encontrados na Bahia, Pernambuco e Maranhão. Durante os séculos 17 e 18, os azulejos foram intensamente empregados em sacristias de igrejas e palácios.
No século 19, os azulejos são usados no revestimento externo de residências nobres. A azulejaria assegurava às paredes uma proteção a mais contra a umidade dos trópicos. No início do século XX, a azulejaria caiu em desuso, sendo rejeitada pelos arquitetos racionalistas, que a viam como mero objeto decorativo.
Nos anos 20, o estilo neocolonial resgata o uso de azulejos. Foi o arquiteto franco-suíço Le Corbusier quem percebeu as possibilidades plásticas da azulejaria, quando do projeto de construção do Ministério da Educação e Saúde, no Rio.


Le Corbusier dizia a seus jovens discípulos brasileiros que os recursos do passado não deveriam ser desprezados e sim adaptados ao espírito do momento. Assim, nomes como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Affonso Reidy voltam a utilizar a azulejaria em seus projetos.
A azulejaria seria também utilizada por artistas contemporâneos como Carybé, Djanira, Portinari, Poty, Burle Marx, Francisco Brennand e Mario Zanini. O painel de Portinari da igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, Belo Horizonte, é de 1944.
No Brasil, o azulejo foi usado também no revestimento de igrejas, como a de Nossa Senhora da Lapa do Desterro, no Rio. A igreja foi construída no século 18 e acabou dando nome ao bairro da Lapa. Anexo à igreja funcionava um seminário, que mais tarde seria destruído por um incêndio.


Uma das preciosidades desta igreja são os azulejos que cobrem as torres, considerados de padrão português raro, do final do século 19. Os azulejos da igreja e do seminário da Lapa encantavam o poeta Manuel Bandeira, que morava nas redondezas.
A partir do século 19, os azulejos passam a ser aplicados na cobertura de fachadas de residências nobres brasileiras. O uso dos ladrilhos era então considerado sinal de status e prosperidade.
As pedras cintilantes asseguravam também uma proteção a mais contra a umidade excessiva dos trópicos. No Rio, vários sobrados revestidos de azulejos foram tombados pelo Patrimônio Histórico.
Um deles foi o casarão onde morou o General Osório, herói da Guerra do Paraguai, situado na antiga rua Mata-Cavalos, atual rua do Riachuelo.

O General, que morava no Sul do país, foi convidado pelo imperador Dom Pedro II para assumir o Ministério da Guerra. Até o ano de sua morte, em 1879, o General Osório viveu na casa da rua Mata-Cavalos. O casarão era freqüentada não só pelo imperador, mas também por toda a corte.
A Casa de Osório se tornou museu em 1983, após um longo trabalho de restauração. Também foi restaurada a fachada da casa, revestida por azulejos portugueses raros. As peças danificadas foram substituídas por réplicas perfeitas. Hoje no Museu funciona a Academia Brasileira de Filosofia.
Os Azulejos no Neocolonial
Com a República, os azulejos caem em desuso. Os arquitetos da época achavam que eles eram mero recurso decorativo. A partir da década de 20, o estilo neocolonial vai fazer uma reinterpretação do estilo colonial e resgatar o uso do azulejo.
Um exemplo de arquitetura neocolonial no Rio é a casa do Museu do Açude. O museu era a antiga residência de verão do industrial Raimundo Castro Maya. Castro Maia era apaixonado pelas artes e foi um dos fundadores do Museu de Arte Moderna do Rio. Sua antiga casa de campo, em meio à Floresta da Tijuca possui em seu acervo uma das mais importantes coleções de mobiliário brasileiro dos séculos 18 e 19.


O museu oferece também uma das mais ricas coleções de painéis de azulejos portugueses no Brasil. São mais de vinte painéis decorados por azulejos dos séculos 17, 18 e 19, trazidos de Lisboa, Maranhão e Salvador. Os azulejos se espalham por toda a casa, podendo ser encontrados nos bancos do jardim, nas mesas até na antiga piscina.
Os Azulejos na Arte Moderna
Com o advento da arquitetura moderna, vários arquitetos voltam a incluir os azulejos em seus projetos.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com o Palácio Capanema, antigo Ministério da Educação e Cultura, no Centro do Rio. Construído entre 1937 e 1945, o Palácio Capanema é considerado marco da arquitetura moderna brasileira. O projeto foi assinado por uma equipe formada por jovens arquitetos da época, que incluía Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Affonso Reiddy, entre outros.

O grande destaque do antigo MEC são os sete painéis de azulejos desenhados por Cândido Portinari. O uso de azulejos por Portinari foi considerado na ocasião uma atitude revolucionária. Para compor os painéis, Portinari se baseou no mar, que um dia já chegou bem perto dali. Assim, o que se vê são peixes, conchas, sereias e outros elementos marinhos.
No Brasil, o emprego da azulejaria na arte contemporânea acontece nos trabalhos de artistas como Djanira, Poty, Caribé, Carlos Scliar, Brennand, entre outros.
Um dos melhores exemplos é o painel “Santa Bárbara”, da pintora Djanira, executado em 1963, em homenagem às dezoito vítimas de um acidente durante a construção do Túnel Santa Bárbara, no Rio. Inicialmente o Painel foi instalado numa pequena Capela localizada em uma gruta em cima do túnel, tendo lá permanecido por 20 anos.

Em 1984, face as suas precárias condições decorrentes de infiltrações e umidade, o Painel foi retirado para ser recuperado e reinstalado num local a ser posteriormente definido pelas autoridades. Hoje o painel faz parte do acervo do Museu Nacional de Belas Artes.
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Fontes de Consulta:
* "Azulejos no Brasil" - Mário Barata
* Site Cerâmica no Rio [WWW.CERAMICANORIO.COM]
* "Arquitetura Religiosa Barroca no Brasil" - Germain Bazin
* "Atlas dos Monumentos Históricos e Artísticos do Brasil" - Augusto Carlos da Silva Telles
* Acervo Leo Ladeira |
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