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Você já se perguntou por que a Rua das Marrecas tem esse nome? Ela é uma das mais antigas ruas do Rio, tendo sido aberta na época da construção do Passeio Público, em 1783, com o poético nome de Rua das Belas Noites.

Em 1785, foi construído um chafariz na esquina das ruas das Belas Noites e dos Barbonos (atual Evaristo da Veiga). Como a água jorrava do bico de cinco marrequinhas de bronze, a população passou a chamá-lo de Chafariz das Marrecas, e a rua em frente ganhou o mesmo nome.
O Chafariz das Marrecas foi criado por Mestre Valentim, o autor do projeto original do Passeio Público. A fonte possuía dois tanques de cantaria alimentados por bicas simples. No patamar superior, cujo acesso era feito por degraus de cantaria, encontrava-se um terceiro tanque, no qual caía a água que jorrava das marrequinhas.
Faziam parte do conjunto do Chafariz das Marrecas duas estátuas que representavam a ninfa Eco e o caçador Narciso. Confeccionadas por Mestre Valentim, estas estátuas foram as primeiras obras em metal fundidas no Brasil.

Durante muito tempo acreditou-se que elas eram de bronze, mas análises técnicas posteriores revelaram que na verdade as peças são em cantaria, com partes fundidas em liga de estanho e chumbo, razão pela qual as estátuas pesam cerca de duas e meia toneladas.
O Chafariz das Marrecas foi demolido em 1896, por motivo da ampliação dos quartéis de polícia da Rua Evaristo da Veiga. As estátuas de Eco e Narciso foram transferidas para o Jardim Botânico, pelo então diretor do parque, Barbosa Rodrigues. As marrequinhas foram recolhidas ao Arquivo Municipal do Rio de Janeiro e duas delas fazem parte do acervo do Museu Histórico da Cidade.
A concepção e o estilo arquitetônico do Chafariz das Marrecas traziam uma inovação em relação aos anteriores, nos quais as bicas eram representadas por carrancas, segundo o modelo italiano adotado por Portugal.

No Chafariz das Marrecas havia gravada a inscrição em latim: “Reinando Maria I e Pedro III, foi dissecado um lago outrora pestífero e transformado em um Passeio, construindo-se uma grossa muralha para suster as águas do mar. Preparando um encanamento, edificou-se um chafariz, no qual se vêem marrecas de bronze vomitando água; abriu-se, depois de demolidas antigas construções, uma rua fronteira ao jardim na qual se edificaram casas de igual prospecto. Todas essas obras foram executadas sob os auspícios do vice-rei Luiz de Vasconcelos e Souza. O povo fluminense agradecido manda abrir esta inscrição em 31 de julho de 1875”.
Curiosidades:
• Mestre Valentim pôde ter se inspirado em um modelo vivo para compor a estátua da Ninfa Eco, que foi também chamada de Ceres, Oréade ou Náiade. Já a estátua do Caçador Narciso pode ter sido inspirada em uma estampa do período Luís XV, pois a peça assemelha-se à figura de um pajem.
• Para José Mariano Filho, as marrequinhas na verdade eram patos selvagens estilizados, inspirados no “pato de Iberá”, do Mato Grosso.
• As esculturas originais de Eco e Narciso estão guardadas hoje no Memorial Mestre Valentim, no interior do Jardim Botânico.

Por Leo Ladeira
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Fontes de Consulta:
- Terra Carioca - Fontes e Chafarizes - Coleção Memória do Rio – por Magalhães Correia.
- Mestre Valentim - Anna Maria Fausto Monteiro de Carvalho.
- DORIA, Escragnolle. O Chafariz das Marrecas. Revista da Semana, RJ, 27/11/1937.
- ABREU, Maurício. Evolução Urbana do Rio de Janeiro. RJ: Jorge Zahar, 1987.
- MARIANO FILHO, José. Os três chafarizes de Mestre Valentim. RJ: C.Mendes Júnior, 1943.
- Site Jardim Botânico |
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