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Balneário paradisíaco em pleno Caju

Imagine um solar de nove cômodos e alpendre situado ao centro de uma chácara. Próxima à casa, uma praia de águas limpas e cristalinas, e areias brancas e de poder medicinal.
Acredite se puder: a praia em questão é a que banhava o bairro do Caju, localizado na Zona Portuária do Rio e hoje conhecido por abrigar vários cemitérios.
É difícil visualizar atualmente este paraíso, mas segundo o cronista C. J. Dunlop, do Rio Antigo, "O Caju era uma região belíssima, de praias com areias branquinhas e água cristalina, onde não era rara a visão do fundo da Baía, tendo como habitantes comuns os camarões, cavalos-marinhos, sardinhas e até mesmo baleias".
Os banhos de D.João
O solar do Caju, de propriedade do negociante de café Antonio Tavares Guerra, foi visitado em determinado período por D.João VI, que, a conselho médico, procurou as águas do Caju para se curar de uma mordida de carrapato na perna.
Como o monarca era notoriamente avesso a qualquer tipo de contato com o elemento água, só aceitou tomar o banho curativo da Praia do Caju se fosse pendurado em uma espécie de tina, que permitia que apenas suas pernas se molhassem.

Tão logo D.João se viu curado da ferida, deixou de freqüentar a paradisíaca praia. No entanto, a Chácara Imperial Quinta do Caju ficaria para sempre conhecida como "Casa de Banhos de d.João VI".
Em 1938, a velha casa, construída em data desconhecida em estilo colonial brasileiro, foi tombada pelo IPHAN. Contudo foi ocupada e apenas em 1961, no governo de Carlos Lacerda, ela voltaria a ser desapropriada. Uma vez vazio, o casarão foi praticamente abandonado e esteve em vias de ruir em vários momentos. Em 1979, o então diretor da Fundação Rio, o escritor Rubem Fonseca, sugeriu que a casa se transformasse em centro de artesanato, idéia que nunca vingou.
Restauração e Museu da Limpeza Urbana

Em 1985, a SPHAN finalmente deu início às obras de restauração do imóvel, com o objetivo de aproximar o solar à sua feição original. Dois anos depois foi concluída a reforma do telhado e a Casa de Banhos ganhou festa de inauguração, com exposição fotográfica sobre o bairro do Caju e shows de rock e forró.
Mas ainda não seria desta vez que a velha casa deslancharia. Em 1988, de novo abandonado, o imóvel foi ocupado por uma família de 10 membros.

Em 1996, a casa foi finalmente restaurada, com financiamento da COMLURB em parceria com a Região Administrativa da Zona Portuária. Hoje funciona no imóvel o Museu da Limpeza Urbana, vinculado à COMLURB, que criou um espaço para ações educativas, culturais e de lazer, como exposições, seminários, espetáculos musicais, teatrais e de dança, audiovisuais, fóruns de debates, interações escolares e comunitárias. O museu apresenta os primeiros uniformes desenhados para garis, equipamentos utilizados para recolher o lixo, miniaturas de veículos e de carruagens, entre outros objetos.
O mar que anteriormente chegava a dez metros da casa está hoje a mais de 1 km distante, separado por muros. Inúmeros aterros e a construção da Ponte Rio-Niterói e seus acessos afastaram o mar da casa definitivamente. As águas da antiga praia de D.João hoje certamente não apresentam mais poderes curativos e sim muita poluição da Baía de Guanabara. A região em volta do solar, anteriormente repleta de cajueiros, está cercada hoje por containers e estaleiros.


Casa de Banhos de D.João VI - Museu da Limpeza Urbana
Praia do Caju, 385.
O espaço encontra-se geralmente fechado à visitação interna!
Aviso: Antes de fazer uma visita, telefone para saber se o espaço está aberto.
Telefone: (21) 3890-6027 ou 3890-6021


Fotos: Leo Ladeira.
Fontes de Consulta:
DUNLOP, C.J. Rio antigo. RJ: Gráfica Laemmert, 1956.
Site Museu da Limpeza Urbana
Acervo Leo Ladeira
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