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Jóia encravada no subsolo do Theatro Municipal

Um dos tantos tesouros do Theatro Municipal do Rio de Janeiro não está visível na suntuosa Sala de Espetáculos ou nas elegantes rotundas que há tantas décadas encantam os visitantes desse patrimônio cultural brasileiro.
O Salão Assyrio (muitas vezes também chamado de Assyrius) está localizado sob a plateia, no subsolo do teatro, e é uma das preciosidades do Municipal que não podem deixar de ser conhecidas pelos turistas.
No Salão Assyrio foram realizados os primeiros grandes bailes de máscaras do Municipal. Ali também funcionou o museu do teatro e até um cabaré, onde se apresentou Pixinguinha e o grupo Os Oito Batutas.


Depois da restauração do Theatro Municipal de 1976 a 1978, o espaço voltou a funcionar como restaurante.
Mosaicos
O encanto do Assyrio tem início nos vestíbulos, onde se vêem oito quadros de mosaico de Gian Domenico Facchina, que representam cenas de peças famosas da Dramaturgia universal. O mosaicista italiano Gian Domenico Facchina foi ativo na segunda metade do século XIX e teve trabalhos realizados na Ópera de Paris, no Louvre, no Petit Palais, no Trocadero, na École des Beaux-Arts e na Igreja de Sacre-Coeur, entre outros lugares.
Segundo Henrique Gougon, autor do artigo ‘Gian Domenico Facchina: da Ópera de Paris ao Municipal do Rio’, publicado na revista eletrônica Mais Passeio, “o Ateliê Facchina é que vai atender a demanda feita no alvorecer do século XX pela prefeitura do Rio de Janeiro, então ocupada por Pereira Passos, responsável pela abertura da Avenida Rio Branco e por inúmeras obras naquela via, inclusive o Teatro Municipal. O Ateliê Facchina forneceu ao Municipal algumas obras notáveis, em forma de medalhões musivos, que se encontram hoje muitíssimo bem preservados, a maioria no hall de acesso ao Salão Assyrio”.




O Salão
O restaurante Assyrio é todo revestido de cerâmica esmaltada, inspirado na arte da dinastia aquemênida (558 - 330 a.C.), que, por tradição, é chamada de assíria. O local está dividido em dois planos, o teto é baixo sustentado por colunas que têm como base cabeças de touro, em estilo persa.
Os azulejos franceses são inspirados nos magníficos relevos decorativos do Palácio de Dario I, O Grande, em Susa. À direita, o painel na parede mostra o imperador derramando um líquido sobre os leões que estão aos seus pés. No alto da parede, o friso dos leões remete aos famosos revestimentos da via processional da Babilônia, principal cidade da Mesopotâmia.



Escultura "Héros maîtrisant un lion", no Theatro Municipal, e ao lado a escuiltura original, que está exposta no Museu do Louvre, em Paris,França
Por trás de espelhos decorados com detalhes art nouveau, ficam a copa e a cozinha. À esquerda, compondo o fundo para uma fonte, há um alto-relevo representando o herói Gilgamesh, rei da Suméria de caráter semi-lendário, que aparece asfixiando um leão, cujo original (Héros maîtrisant un lion) se encontra no Museu do Louvre, na França e que é o único detalhe puramente assírio da decoração.
Em frente, na parede oposta, há outra fonte, decorada por alto-relevo mostrando o imperador Dario apunhalando um gênio do mal, inspirado na decoração de seu palácio, em Persépolis.
O balcão dos bares, onde no passado tocou o grande mestre Pixinguinha, conta com relevos que representam nações submetidas pelos persas, seguindo a decoração dos túmulos de Nask-i-rustam.
Em frente está o salão, com molduras de pedra das portas gravadas com margaridas, a flor sagrada da Mesopotâmia, e encimadas por cornijas persas.
Os lustres têm inspiração islâmica; e as luminárias, nos espelhos entre as portas, são montadas sobre touros.




Após a reforma
Depois de dois anos e meio de obras, sendo 19 meses fechado ao público, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro foi reaberto em 26 de maio de 2010.
Com a reforma, o teto do Assyrio foi decapado, voltando a ter o tom original, que estava escondido por trás de uma tinta bege. Novas luminárias foram instaladas para iluminar mais o restaurante.

Atualmente no Assyrio funciona o Café do Theatro, que dá acesso para o Boulevard, o jardim do Theatro, novo espaço criado durante a reforma, com saída para a Av. 13 de maio.

Fotos recentes do Assyrio: Leo Ladeira
Fontes de Referência:
- Artigo ‘Gian Domenico Facchina: da Ópera de Paris ao Municipal do Rio’, por Henrique Gougon - publicado na revista eletrônica Mais Passeio / 2004.
- Wikipédia
- Guia Michelin
- Home Page Theatro Municipal
- Jornal O Globo
- Veja Rio |
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