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Marco da arquitetura moderna chega a seu meio século de existência

Um marco da arquitetura e da engenharia moderna no Brasil está completando 50 anos.
O Ed. Avenida Central, localizado na Avenida Rio Branco, Centro do Rio, completa meio século de construção no dia 21 de maio e comemoração não faltará: lá está sendo apresentada a exposição "Edifício Avenida Central – 50 anos", organizada pelo designer Ricardo Simões. Na mostra, o público poderá conferir detalhes da arquitetura e da evolução não só do edifício histórico, mas também do próprio Largo da Carioca e da Av. Rio Branco.
Segundo o Site do Ed. Av. Central, a mostra apresenta 60 fotografias de acervo próprio, além de reportagens publicadas em jornais e revistas do início do século XX, além de um documentário que conta a história do prédio. O espectador poderá ver imagens desde os tempos do Hotel Avenida e da Galeria Cruzeiro - que ocuparam o terreno de 1910 a 1957 - até os dias de hoje.
Vamos hoje conhecer a história desse marco.
O Hotel Avenida e a Galeria Cruzeiro

Hotel Avenida e Galeria Cruzeiro

Hotel Avenida e Galeria Cruzeiro
O Hotel Avenida foi construído pela Light em 1910, e por décadas foi um dos edifícios mais populares da Avenida Rio Branco, além de movimentado ponto de encontro no Rio.
Dispunha de 220 quartos, iluminados a luz elétrica, e oferecia aos hóspedes o conforto de um elevador. Na época de sua inauguração, a diária mínima custava nove mil réis.
Em seu térreo funcionou, até a construção do tabuleiro da baiana, no fundo do Largo da Carioca, nos anos 40, uma estação circular dos bondes que trafegavam pela Zona Sul da cidade pertencentes à Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico.
Chamada de Galeria Cruzeiro devido à existência de duas passagens em cruz, a estação permitia o embarque e desembarque dos ilustres passageiros com conforto e segurança. Além disso, oferecia bares, restaurantes, cafés e leiterias.

Sacada do Hotel Avenida e sua fachada
Os dois corredores da galeria eram perpendiculares e se cruzavam em um pequeno pátio central. Suas saídas davam na Avenida Rio Branco, no Largo da Carioca, na rua de São José e na rua de Santo Antônio, hoje Bettencourt da Silva.
Para os carnavalescos, a Galeria Cruzeiro tinha um significado especial: foi um dos principais cenários do carnaval carioca, concentrando os foliões que chegavam nos bondes lotados, saindo diretamente para as mesas de mármore dos bares.
Tanto o hotel como a galeria foram demolidos em 1957, para dar lugar ao gigantesco edifício Avenida Central, o primeiro em estrutura metálica da cidade, e em seu tempo o prédio com mais tecnologia da Guanabara e do Brasil.

Carvalhinho e Paulo Gracindo registraram, para a posteridade, esse momento histórico: fizeram uma homenagem à Galeria Cruzeiro e à sua importância para os carnavalescos de todos os tempos, lançando o samba ‘Derrubaram a Galeria’, que, na voz de Carlos Nobre, foi um dos destaques do ano:
“Derrubaram a galeria, meu irmão
Onde é que eu vou sambar
Cada martelada na parede
Era um lamento
De um boêmio que se ouvia
Ai!, senhor prefeito
Por que deixou
Derrubar a galeria?
Embaixo do relógio eu esperava
O meu amor que demorava e não chegava
Enquanto isso, um bate-papo animado
Com a espuma de um chope bem gelado”.
A Construção do Ed.Avenida Central


A partir dos anos 50, um forte espírito de desenvolvimentismo assolou o Brasil. Na era dos ‘Anos Dourados’, o governo Juscelino Kubitschek prometia alcançar 50 anos de progresso em apenas cinco de governo, o famoso “50 em 5”.
Durante o governo JK o Brasil viveu um grande avanço industrial, motivado pela implantação de indústrias de automóvel no país e a solidificação da siderurgia.
Na arquitetura, o modernismo tomou conta das principais construções. Prédios com mais de 20 pavimentos foram erguidos no Centro do Rio incentivando a vocação comercial da região, com galerias e espaços para lojas.
Um dos principais expoentes do modernismo na arquitetura na cidade é o Ed. Avenida Central, erguido no terreno do antigo Hotel Avenida.
Segundo artigo de Hindenburgo Francisco Pires, “O Edifício Avenida Central representou o primeiro grande projeto da nova arquitetura racionalistafuncionalista. Foi idealizado por Regine Feigl e executado pela empresa do arquiteto Henrique Mindlin, inspirado nos arranha céus de Mies van der Rohe, como o Edifício Seagram em Nova Iorque e o Conjunto Lake Shore Drive em Chicago”.

Seus 34 andares em aço e vidro e 110 metros de altura levaram três anos para ser concluídos. Foi o primeiro prédio no Brasil a ter paredes internas removíveis, possibilitando a instalação de grandes escritórios.
Inaugurado por Carlos Lacerda em 22 de maio de 1961, o edifício tornouse uma referência na paisagem urbana do Rio nos anos 60 e 70, abrigando diversas lojas, consultórios, escritórios e oferecendo diferentes modalidades de serviço.
Foi o primeiro também a usar estrutura metálica, ao invés do concreto armado. E foi o pioneiro no uso de elevadores com comando eletrônico.
Em entrevista ao Jornal O Globo, o arquiteto Sérgio Magalhães, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, destacou que o mais inusitado do Avenida Central foi a tecnologia empregada na época, como os 18 elevadores, sendo 15 para 20 passageiros, raridade até mesmo nos tempos atuais: “Até hoje são absolutamente confortáveis, enquanto edifícios contemporâneos são deficientes nesse aspecto. Outra inovação é o sistema de ar-condicionado central e o uso de escadas rolantes, raro na época, apenas os edifícios norte americanos tinham”, disse ele ao jornal.

O Av.Central hoje
Após a década de 1980, com a inauguração da estação do metrô do Largo da Carioca, ao lado do Edifício, as suas atividades comerciais alcançaram um impulso extraordinário, favorecidas pela expansão dos fluxos de transeuntes dos três acessos de seus arredores: Av. Rio Branco, Av. Chile e e Rua da Carioca com Uruguaiana.
Nos últimos dez anos, o local tornou-se um movimentado pólo de informática, conhecido como InfoCentro. Das 194 lojas, 170 são de produtos do ramo.
Mas ainda podem ser vistas lá lojas antigas, como o salão Av.Central, que mantém o mesmo aspecto da inauguração, em 1962, com balcões em fórmica e espelhos de cristal belga, e a Athayd´s Artigos Masculinos, instalada no prédio há 40 anos e que ainda preserva a arquitetura dos anos 50.
Atualmente, cerca de 12 mil pessoas trabalham no lugar e uma média de 160 mil pessoas circulam por dia pelo edifício.
Se for ao Centro do Rio, não deixe de conferir a exposição "Edifício Avenida Central – 50 anos"!



SERVIÇO
Endereço: Avenida Rio Branco, 156 - Centro.
Horário de Funcionamento:
Segunda a sexta, das 9h às 19h
Sábados, das 9h às 14h

Fontes de Referência:
- Edifício Avenida Central: o core geográfico do comércio de produtos de informática no Rio de Janeiro. Artigo de Hindenburgo Francisco Pires - Universidade do Estado do Rio de Janeiro / Departamento de Geografia.
- O Museu Arquitetônico do Rio. Jornal do Brasil: 01/06/1997.
- Edifício Avenida Central comemora aniversário de 50 anos com exposição e show. Taís Mendes - O Globo: 04/05/11.
- Wikipédia
- Home Page Shopping Avenida Central
- Fotolog Saudades do Rio - Luiz D´
- Blog CopacabAna de Toledo
- Site foi um RIO que passou - por Andre Decourt
- Blog Década de 50 |
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