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Memória da iluminação pública

Até 1710, o Rio de Janeiro não possuía iluminação pública. As noites cariocas eram até então vividas na mais completa escuridão. Naquela época de Brasil colônia também não existia vida noturna. As ruas estreitas, escuras e sem calçamento tornavam o trânsito noturno arriscado e faziam com que a população se recolhesse cedo. Segundo o historiador Charles Dunlop, “a cidade tinha clima lúgubre”.
Um dos maiores perigos em sair à noite era esbarrar nos escravos que transportavam os dejetos da população em barris – os famosos tigres - , para serem despejados nas lagoas e, assim, tomar um indesejável banho!

O primeiro ponto de luz pública no Rio foi um pequeno lampião instalado em 1710 no alto do Convento de Santo Antonio. Durante algum tempo aquele foi o único feixe de luz na noite da cidade. A partir de então foram surgindo nas ruas lampadários, candeeiros, nichos e oratórios, geralmente instalados pelos próprios moradores. O azeite de peixe usado como combustível também era custeado em rateio pela população.
O cronista Luiz Edmundo assim descreveu os oratórios coloniais do Rio: “Há ruas que mostram dois, três nichos. Saem eles dos cunhais das casas, dependurados em largos varões de ferro, todos de madeira, pintados de negro, enganalados de flores de papel e de pano, vistosos, amplos e envidraçados. Na parte superior, rompendo do angula da fachada junto à cimalha, avança um cegonho de onde pende a lanterna de azeite”.
Tornou-se costume da população sair às ruas à luz de tochas para rezar terços e ladainhas diante dos oratórios públicos. Depois das 20h cessava o movimento nas ruas e tinha início a vigília dos quadrilheiros.
Oratório de N. Srª do Cabo da Boa Esperança

A maioria dos oratórios públicos que existiam no Rio colonial foram destruídos. Um dos poucos restantes pode ser visto ainda nos dias de hoje na Rua do Carmo, atrás da antiga Catedral de N.Srª. do Carmo.
O Oratório de N.Srª. do Cabo da Boa Esperança, tombado pelo IPHAN, é um documento valioso da história da cidade, justamente por representar o último vestígio de um sistema de iluminação que no passado era expressivamente incorporado à cultura e à paisagem do Rio.
Mas o oratório está abandonado. Segundo o historiador Milton Teixeira, tapumes de madeira foram colocados no oratório há 13 anos e correm risco de cair. “Uma peça pequena, que pode ser restaurada em alguns dias, com certeza, mas está cercada de tapumes há 13 anos. É triste, porque o carioca fica privado de ver esse bem cultural”, lamentou o historiador Milton Teixeira.
A partir de 1794, a iluminação pública foi intensificada e alguns lampiões foram instalados. Mesmo assim, quando a corte chegou ao Brasil em 1808, o sistema de iluminação ainda era muito fraco, com longos espaços entre os lampiões. A iluminação a gás só surgiria em 1854.

Fontes de Consulta:
- O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-Reis. Luiz Edmundo. Conquista / RJ / 1956.
- Memórias da Cidade do Rio de Janeiro. Vivaldo Coaracy. Ed.Itatiaia / SP / 1955.
- Rio Antigo. Charles Dunlop. RJ: Gráfica Laemmert, 1956.
- Rio Antigo. Roteiro Turístico-Cultural do Centro da Cidade. Embratur / RJ / 1979.
- Site O Guia Legal. |
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