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Retirada de gradis não garante revitalização daquela área deteriorada do Centro do Rio

No último seis de agosto, uma série de eventos marcou a conclusão das obras de revitalização da Praça Tiradentes, um dos logradouros mais antigos e importantes do Rio de Janeiro.
Com investimentos na ordem de R$ 3,2 milhões, originários do Ministério da Cultura, via Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e da Prefeitura do Rio, a reforma da Praça contemplou instalação de canaletas para escoamento da água da chuva, recuperação das pedras portuguesas, colocação de novas luminárias e alteração dos fluxos de ônibus – vários pontos terminais que ocupavam o entorno da praça foram transferidos para a Avenida Gomes Freire.
Mas a principal intervenção das obras tem sido apontada como a retirada do gradil que circundava a área, e que foi visto com ressalvas por muitas pessoas - o principal temor é que moradores de rua tomem conta do espaço.
O que se constatou na festa de abertura, que aconteceu nos dias 6 e 7 de agosto, é que ainda falta muito que fazer por aquela região do Centro histórico do Rio. Mesmo que a área já concentre boas opções de lazer e cultura, como os Teatros Carlos Gomes e João Caetano, e a Gafieira Estudantina, é necessário criar novos atrativos para que a população volte a freqüentar o espaço.


No exterior é comum observar a ocupação de praças e parques com cafés, exposições temporárias, pequenos eventos, tudo com muita segurança e limpeza. No Rio não existe mais a cultura da praça – o carioca da Zona Sul adotou a orla e a Lagoa como lazer. Os únicos parques que se mantêm ‘vivos’ são o Jardim Botânico e a Quinta da Boa Vista. Praças são utilizadas especialmente por crianças e idosos. Por vários motivos, como falta se segurança, não é comum ver pessoas lendo nos bancos ou mesmo utilizando laptops ou outros aparelhos eletrônicos, o que é mais frequente lá fora.
Como fazer com o que carioca se sinta seguro naquela região da cidade se o entorno da Tiradentes está decadente? Circular nos finais de semana por ruas como Gonçalves Ledo, Luis de Camões e outras pode não ser um programa seguro, especialmente para os turistas que desejam apreciar os bens do patrimônio histórico-arquitetônico do Centro.
O casario no entorno da Praça também precisa de cuidados iminentes. Alguns imóveis já foram restaurados, outros estão em processo, mas há vários em estado crítico. Sabe-se que pelo menos três construções foram retiradas do projeto inicial, em função do apertado prazo final do convênio, previsto para dezembro de 2011.


O Monumento a D.Pedro I foi restaurado em 2005 e já apresenta sinais de deterioração, como se vê em nossas fotos.


A reabertura da Praça Tiradentes é louvável, mas deve-se ter consciência que é apenas a etapa inicial de um processo muito maior. Revitalizar uma área deteriorada é bem mais complexo do que a retirada de gradis.
Fotos: Leo Ladeira. |
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