FotoRio 2009 [nos Correios]
rioecultura : EXPO FotoRio 2009 [nos Correios] : Centro Cultural Correios
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Abertura: 30 de junho de 2009
Encerramento: 2 de agosto de 2009

ARTISTAS:
- Edmond Fortier
- Cláudia Bakker
- Edu Simões
- Emmanuelle Bernard
- Mohamed Bourouissa
- Rogério Reis
- Walter Carvalho
- Walter Firmo
- Kitty Paranaguá
- Luiza Burlamaqui
- Fernando Martinho
- Ana Paula Paiva
- Juan Valbuena
- Mateo López
- Odires Mlászlo
- Pablo López
- Dirce Carrion
- além da mostra do projeto "Viva Favela".

O FotoRio – Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro – em sua edição 2009, reúne 13 exposições, individuais e coletivas, que ocupam dois andares do Centro Cultural Correios, quase 2.000m2. Um panorama da fotografia contemporânea no que ela tem de mais expressivo e instigante, através dos olhares de artistas nacionais e internacionais. “Fotografar é sentir com os olhos”, define o Coordenador do Foto Rio, Milton Guran, ao destacar que a mostra é um diálogo entre o olhar europeu, o latino-americano e o africano, onde a vida é celebrada através dos mais diversos caminhos da estética fotográfica: “da documentação à transcendência, do fato ao conceito, do cotidiano à viagem da imaginação”.

MOSTRAS

SOBRE AS INSTALAÇÕES: A VIA LÁCTEA E SOMENTE O JARDIM DO ÉDEN, 1996-1994
de Cláudia Bakker



As sensíveis experiências com material orgânico realizadas na natureza por Claudia Bakker nos início dos anos 90 aparecem nestas duas instalações. Nas palavras de Adolfo Montejo Navas :"O trabalho que Claudia Bakker desenvolve é tocado por essa atração incessante, delicada e forte, pela meditação sobre o orgânico. Nas fontes e nas maçãs, o líquido e o sólido são especialmente emblemáticos.Desde os albores do mundo a maçã contém feitiço, e desde Heráclito, o curso da água produz uma miragem no tempo. Nesta falada atração sobre o tempo desde as Potências do Orgânico, Claudia Bakker consegue descobrir um achado: o próprio tempo como algo orgânico. Para documentar isto nada melhor que o exercício e o auxílio da fotografia, pois como se sabe, ela reescreve a própria imagem já vivida, naquela memória que é a vida do perdido."




UM FOTÓGRAFO FRANCÊS NA ÁFRICA DO OESTE – PORTO-NOVO,1908-1909
de Edmond Tortier



A série fotográfica de autoria de Edmond Fortier apresentada pode ser precisamente localizada e datada. Trata-se de Porto-Novo, antigo reino da costa oeste-africana (na atual República do Benim), vizinho dos reinos do Daomé e de Ketu, ponto de encontro de povos iorubás e adja-fons e um dos berços da cultura jeje-nagô do Brasil. O protetorado da estratégica região de Porto-Novo permitira à França imperialista construir uma base a partir da qual submetera em 1892, após longa resistência, o rei do Daomé, Benhazin, constituindo a partir de 1894 a colônia do Dahomey. As imagens de Adji-ki fazem parte da série “Viagem do Ministro das Colônias à costa da África” em maio de 1908, enquanto as demais, inéditas até então, são fruto da “Viagem do Governador Geral” para inauguração de Estrada de Ferro em janeiro de 1909. Em 1908, Adji-ki – filho do poderoso rei Toffa, que morrera recentemente – cumpria o ritual do rei indígena submetido, por via do regime colonial, à França.

Perante o Ministro das Colônias, Adji-Ki compareceu e ficou impassível enquanto seu port-parolle se manifestava em seu nome. Além do uniforme napoleônico, ele exibiu também outro presente recebido dos franceses: a magnífica carruagem. As imagens do mercado de Porto-Novo, tão familiares aos que conheceram o Mercado de São Joaquim, em Salvador, Bahia, em meados do século XX, foram registradas por Edmond Fortier em 1909. O fotógrafo fez parte da comitiva oficial do Governador Geral, baseado no Senegal, à Colônia do Dahomey, para inaugurar um trecho da estrada de ferro. Aproveitando a ocasião, Fortier passeou pelo mercado. Registrou as vendedoras, todas mulheres, pois aquele era o mercado das mulheres, que vendiam seus produtos, cultivados por elas. O mercado dos potes de barro, dos temperos, dos legumes, das nozes de cola. Territórios femininos.




O RIO DE MACHADO DE ASSIS
de Eduardo Simões



Os fantasmas que vagam pelas ruas e velhos prédios cariocas desde o século XIX, a marca que Machado de Assis deixou na literatura e na alma brasileira e a sutil ironia com que ele tratava os seus personagens. Foram estes os guias que utilizei para produzir este trabalho sobre o Rio de Janeiro*, que revela os vestígios de uma cultura ainda escravocrata e monárquica, dialogando com o momento presente, diz o fotojornalista.




CARIOCA
de Emmanuelle Bernard



Fotógrafa e documentarista, graduada em Comunicação pela Ecole Française des Attachés de Presse em Paris e Nova York, Emmanuelle apresenta fotografias sobre a cidade do Rio de Janeiro e o jeito de ser carioca; sobre os seus habitantes e as suas paisagens. A mostra faz uma investigação social e visual sobre como é morar nesta cidade, mostrar o comportamento e o modo de vida do carioca através de imagens das cenas da vida quotidiana. Mostrar e partilhar a beleza desta cidade, de suas ruas e dos seus personagens. A exuberância de sua natureza e os seus contrastes também, numa visão ao mesmo tempo realista e poética.




DE VIAGEM
de Fernando Martinho e Ana Paula Paiva; Juan Valbuena; Mateo López; Odires Mlászho, Pablo López



Em “De Viagem” são apresentados cinco projetos fotográficos individuais. Há imagens alusivas e outras que correspondem várias leituras entre elas as literárias como as fotos de Juan Valbuena, outras tão familiares, amável e ousada como a obra de Ana Paula Paiva e Fernando Martinho, e outras mais descritivas e distantes como as paisagens de Pablo Lopes, além disso, há as que formam os diários particulares de viagem de Mateo Lopes e finalmente, os livros examinados de Odires Mlászho, que remetem tanto na literatura de viagens como nas fotos-livros.




TEMPLO ABERTO
de Kitty Paranaguá



“A partir de um ensaio que venho fazendo sobre Copacabana há alguns anos, constatei que a praia não é apenas um local de lazer. É também um lugar de reflexão, de sonhos, de oração, de fantasias. Foi este espaço que escolhi para dar visibilidade à poesia tão real e tão presente neste contexto, mas que passa despercebida no dia a dia. Foi um trabalho feito em silêncio e com muito prazer”, afirma a artista sobre a mostra.




SEGUNDO ENCONTRO
de Luiza Burlamaqui



“Penso nisso às vezes de um modo tão profundo e obstinado que essa raiz de vida torna-se fabulosa para mim, mescla-se ao meu próprio sangue, torna-se minha própria força...”. Ao caminhar pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro descobri a forma de uma mulher esculpida, pela natureza, nas raízes de uma árvore - o encontro com a raiz-mulher. A força dessa imagem me impeliu a buscar minhas raízes em seu mais amplo sentido, transpondo tal motivação para o presente trabalho”.




OLHARES CRUZADOS
de Dirce Carrion



O projeto Olhares Cruzados foi realizado em 23 comunidades, sendo 12 delas no Brasil e 11 no exterior com o objetivo de promover o alargamento dos horizontes culturais de crianças e adolescentes de comunidades carentes e diversos países, permitindo o conhecimento de outras realidades distantes geográficamente, através do intercâmbio de fotografias, cartas, desenhos, pinturas, brinquedos, e objetos de arte produzidos por eles em oficinas, que são ministradas, no exterior, por fotógrafos e arte-educadores brasileiros e, no Brasil, por educadores estrangeiros convidados.

Visando a valorização de suas culturas locais e buscando facilitar a percepção das raízes culturais comuns, o projeto tem como premissas fundamentais o respeito ao direito da Criança e do Adolescente, e a prática da liberdade de expressão, por entender que estão diretamente associados à participação social, ao exercício da cidadania, à solidariedade, o fortalecimento de capitais humanos e à promoção da igualdade racial.

Neste Ano da França no Brasil, o projeto “Olhares Cruzados” apresenta o resultado do intercâmbio realizado entre crianças brasileiras, de sete comunidades carentes, e haitianas e africanas de quatro países. A mostra enfoca a diversidade, social, cultural, regional de países francófonos ultramarinhos, através do olhar de crianças e adolescentes que vivem nesses países e que fizeram intercâmbio com crianças brasileiras, contribuindo para a elevação da auto-estima e a valorização dos mesmos dentro das suas comunidades, além de proporcionar maior visibilidade das localidades envolvidas.




AV. BRASIL 500
de Rogério Reis



Uma viagem às ruínas da antiga sede do Jornal do Brasil dialoga com fotos da retomada da democracia em nosso país, período que abrange a “Anistia” e as “Diretas Já”. São dois momentos distintos vividos e protagonizados pelo fotógrafo Rogério Reis: no primeiro ele participa documentando a história como fotojornalista, afinado com o jornal, preocupado naquele momento em resgatar o estado de direito e as liberdades individuais; no segundo momento (2008), já com a democracia em curso, Rogério revela e nos empurra para a reflexão sobre o ambiente solitário e silencioso dos últimos dias desse prédio-ícone que durante 29 anos deu teto aos homens que o transformaram numa grande fábrica de idéias e notícias.




MORO NA FAVELA
Viva Favela (Deise Lane, Nando Dias, Rodrigues Moura, Tony Barros, Walter Mesquita, Kita Pedroza e Sandra Delgado)



A exposição reúne uma seleção de imagens produzidas de 2001 a 2006 pela equipe de fotógrafos do portal Viva Favela e pelas então editoras de fotografia do portal, Kita Pedroza e Sandra Delgado. A mostra apresenta favelas vivas, de forma humana e espontânea, abrindo espaço para abordar problemas, mas sem intensificar o contexto miséria-violência, tão explorado pela mídia em geral.




NAVEGO NUM MAR DE SAUDADE
de Walter Carvalho



“Navego num mar de saudade”, nasceu durante o tempo em que registrei delegacias e presídios e ao longo do trabalho feito nesse mundo sombrio de celas ordinárias e superlotadas nos estados do Rio e de São Paulo. Recolhi dos seus interiores verdadeiros poemas de parede, manifestações espontâneas dos presos que se expressam em frases, desenhos, colagens e recados espalhados, entre grades, pelos cubículos e corredores. Com o tempo, e sem saber o que exatamente fazer com esses desenhos rupestres à mão, pensei em compor uma espécie de mosaico poético, emendando várias fotografias umas às outras, construindo uma imensa parede como se todos aqueles escritos estivessem num lugar único. “Navego num mar de saudade”, inscrição encontrada numa pequena cela de delegacia e firmada com tinta desbotada e letra tosca, foi adotada como título da mostra, que abre a seqüência do quarto trabalho exposto no Foto Rio, destacou Walter Carvalho.




OROPA, FRANÇA E BAHIA...
de Walter Firmo



Sendo um “pé de poeira” - aquele que viaja muito - resolvi prestar uma leve homenagem ao autor desta frase singular e, que na década dos anos setenta do século passado cunhou de forma abusada a palavra oropa, cujo significado não quer dizer muita coisa, mas, ao lado da França e Bahia, desfila uma avenida de idéias com significações e códigos que residem, sobretudo, na casa do lúdico entre gorjeios líricos, auto-referências, transitando também na incursão metalingüística bem diferenciada da escala tonal afetiva do tal Walter Firmo, perfilando a tese do “ladrão, engenheiro e o invisível”, mas, descartando a régua e o compasso.

Se Joãosinho Trinta, o autor desta frase, fosse fotógrafo, quem sabe, em seu afã doutrinal de trabalhar as idéias, orientasse esta exposição fotográfica afinada dentro destas alas e suportes onde as pessoas com suas próprias fantasias louvassem, onde estivessem, fosse aonde fosse: andanças, atitudes ou o simplesmente estar, bem comum aos indivíduos que chupam picolés ou babam sorvetes às cinco horas de uma tarde qualquer.

Em blocos ou alas, “Oropa França e Bahia”, é a decantação de um gesto criador “aleatório”. Sublime é portar sobre o peito uma câmera fotográfica com a biruta solta para um vento, venha ele de onde vier. É um discurso desorientado destituído de uma construção doutrinária, mas, impregnado de símbolos semânticos e baseado na larica alegre do descompromisso.

Então auto-retratos, baianas, capoeiras, iemanjás, sisudos senhores perfilados, afiches e cowboys na mata virgem da urbe, o velho italiano na Sicília com seu olhar debruçado sobre as virgens que caminham ao seu encontro, homens desnudados desfilando pelas ruas de Paris, o fundista em continência aos aviadores da RAF que defenderam Londres (embora a rainha não se considere “européia”, rsrsrs), os eternos beijos parisienses, os olhos empedrados na cidade-luz, os braços de Rodin, enfim, algumas prosopopéias e parafernálias humanas que aguçadas compõem este desfile.

Terminando, ”Oropa França e Bahia” é um amontoado de coisas e objetos vasculhados à losé na caixa de memória sempre desarrumada, como convém a todo homem espirituoso com os dias contados para a partida e, que ninguém sabe, nem ele mesmo. E que, por isso, “sábios em vão tentarão decifrar o eco de antigas palavras, fragmentos de cartas, poemas, mentiras, retratos, vestígios de estranha civilização...”, segundo o também espirituoso Chico Buarque. Viva a a leveza de simplesmente ser!. (Walter Firmo).




PERIFÉRICOS
de Mohamed Bourouissa



“Parto de uma base social, no entanto meu trabalho é de ordem plástica, funcionando sob uma geometria emocional. É uma colocação e uma organização da tensão no espaço, levada ao primeiro plano. Considero minhas fotografias como sendo objetos conceituais, artísticos, inseridos em situações que geralmente pertenceriam ao campo do foto jornalismo. Desmontando os clichês deste assunto, lido com a problemática das relações de força e questiono as engrenagens do poder.” Mohamed Bourouissa vive e trabalha em Paris.
Local:
Centro Cultural Correios
Rua Visconde de Itaboraí, 20
Centro
(21) 2253-1580

Funcionamento:
De 3ª feira a domingo, das 12h às 19h

Ingresso:
Entrada franca

Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.