Abertura: 4 de maio de 2011
Encerramento: 4 de junho de 2011

São trabalhos inéditos e recentes de Suzana Queiroga, que ocuparão os dois espaços do andar térreo. A artista preparou especialmente para a exposição dez pinturas de grande formato, em óleo sobre tela, instalações e um vídeo de três minutos, que será visto através de um “olho mágico”.

Tendo os fluxos do tempo como questão central de sua pesquisa poética, Suzana Queiroga investiga também a paisagem, e desde 2005 trabalha com mapas, trazidos de toda parte do planeta por amigos que acompanham seu trabalho. “Encontrei nas cidades a melhor representação dos fluxos, já que elas são organismos vivos, conjuntos de redes interligadas, superpostas em camadas, às vezes invisíveis, como as de água e luz”. Ela observa que nas cidades há ainda diversas camadas de tempo, percebido tanto pelo deslocamento geográfico de uma área a outra, como os diversos períodos passados que se depositam em camadas sucessivas.



Suzana decalcou com nanquim em papel vegetal estradas, ruas, rios e outros percursos existentes nos mapas que coleciona, tanto de cidades atuais quanto medievais. As redes resultantes, tornadas maleáveis pelas grossas camadas de tinta, formam malhas que compõem uma instalação de parede – que recebe ainda intervenções de recortes e pinturas – que será colocada na sala menor do térreo da galeria. Em processo semelhante, ela criou malhas maiores e mais largas, com tinta à base d’água sobre papel Kraft, formando uma instalação grande que ficará no chão do espaço monumental do térreo.

O livro “História da Cartografia”, serie de fascículos encadernados, fonte de pesquisa sobre mapas, recebeu outros mapas feitos pela artista, pintados em nanquim, e estará exposto sobre um atril feito especialmente para esse trabalho.



PALETA DIFERENTE

Duas telas feitas este ano, cada uma medindo 2,75m x 2m, mostram paisagens em que o verde transita para o azul em um amálgama suave, como uma fusão entre florestas e rios. Suzana reconhece que está usando uma paleta de cores inteiramente diversa da que sempre trabalha. “Está estranhíssima”, observa. Em uma dessas telas traçados sugerem um cruzamento de estradas, pistas de aeroporto ou uma cruz. Em outra está presente a questão da devastação do meio ambiente, da paisagem modificada pelo homem, com a vista aérea de uma das maiores minas de ouro no mundo, em formato circular, pintada a partir de imagens pesquisadas na internet. Esta imagem da mina de ouro se repete em uma das telas do tríptico de 1,65m x 4,14m, também de 2011.

No díptico “O último vôo”, de 1,65m de altura por 1,38m de comprimento em cada tela, Suzana Queiroga contrapõe um lago e representações de água encontradas em mapas medievais, com um vulcão invertido, em plena erupção.

A tela “Flutuo por ti”, a de maior formato, com 2m x 2,75m, foi feita a partir de uma imagem retirada de um sonho, em que um casal flutua sobre um lago, com os ouvidos encostados.

Com o auxílio de um ex-aluno e uma amiga, Suzana fez a foto que serviu de ponto de partida para a pintura. “O nome remete a três significados possíveis: flutuar sobre alguém ou algum local, flutuar por causa de alguém, ou flutuar por alguém que está impossibilitado disso", explica.

A serie de pinturas é derivada de um trabalho feito em 2008, quando a artista ficou suspensa em um balão, sobre o CCBB de Brasília, em busca de uma vista aérea que permitisse a observação da paisagem. A experiência de “elevar-se do chão” fazia alusão ainda à vivência que se tem quando “deparamos com uma obra de arte que nos impacta, e nos sentimos suspensos, elevados em um estado de vertigem”, conta. No ano seguinte a experiência se desdobrou em um vôo de balão, sobre o Rio de Janeiro, cidade da artista. Vivenciar o silêncio, em uma altura suficiente a ponto de fruir a paisagem que sobrevoava, e protegida por um cesto que trazia o simbolismo de um berço, serviu de motivação para transformar em pintura toda essa trajetória poética. “Não é um trabalho documental, mas um projeto mental feito a partir da memória e da imaginação”, ressalta Suzana Queiroga, que planeja para esse ano um documentário a ser feito com o cineasta Walter Carvalho, com sobrevôos no Rio, e em cidades de Portugal e Turquia.



CÍRCULO

O círculo está presente em várias obras da mostra, e, em particular, no vídeo "Rua do Vale, nº. 1", de três minutos de duração. Instalado dentro de uma caixa de madeira suspensa na parede, a que o público poderá assistir através de um “olho mágico”, o vídeo, feito em parceria com Ícaro Lira, mostra a mão da artista desenhando ininterruptamente um círculo. A um determinado momento a imagem retrocede e volta ao ponto de partida, o papel em branco. O vídeo ficará em looping, indefinidamente. “Eu queria algo mais intimista, em meio a tantas obras grandes”, conta Suzana.

No contêiner, no terraço do último andar da galeria, Suzana Queiroga mostrará o vídeo "Chroma" (2010), com 6m53s, também em parceria com Ícaro Lira, som de Iuri Nicolsky e viola de Rúbia Siqueira.

ARTIST’S CHOICE

No terceiro andar da galeria, será apresentada a exposição coletiva “Artist´s Choice”, com curadoria de Suzana Queiroga. Para a mostra, a artista selecionou trabalhos de Antonio Manuel, Carlos Zilio, Daniel Feingold, Otavio Schipper e Paulo Whitaker, pertencentes ao acervo da galeria.

Local:
Anita Schwartz Galeria de Arte
Rua José Roberto Macedo Soares, 30
Gávea
(21) 2274-3873 /

Funcionamento:
Segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábados das 12h às 18h

Ingresso:
Entrada franca

Atenção: os horários e a programação podem ser alterados pelo local sem aviso prévio. Por isso, é recomendável confirmar as informações por telefone antes de sair.