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Monumento a Zumbi dos Palmares: homenagem à resistência Afro-Brasileira

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A cidade do Rio de Janeiro é um tesouro histórico repleto de monumentos que contam a rica história do Brasil. Entre essas obras, destaca-se o monumento dedicado a Zumbi dos Palmares, localizado na emblemática Praça Onze. Esta escultura de bronze é mais do que uma peça artística - é um tributo à resistência negra e à figura icônica de Zumbi dos Palmares.

A Escultura de Bronze: representação poderosa

A escultura de bronze dedicada a Zumbi dos Palmares é uma obra de arte impressionante. Capturando a força e a dignidade do líder quilombola, a escultura é uma representação vívida de sua determinação e coragem. O monumento do Zumbi dos Palmares tem pedestal de 4 metros em mármore e cabeça com 3 metros, esculpida com 800 quilos de bronze.

Monumento a Zumbi

Um pouco da história do Monumento

No dia 9 de novembro de 1986, no governo do prefeito Saturnino Braga, na região onde chamamos atualmente de Praça Onze (reduto dos negros e baianas com seus ritos afro-brasileiros e berço do samba), foi inaugurado o monumento dedicado a Zumbi dos Palmares.

O monumento foi idealizado por Darcy Ribeiro para homenagear o líder Afro-Brasileiro e fortalecer a consciência negra. E como um dos maiores incentivadores de sua construção, o cantor Martinho da Vila.

Porém, pela impossibilidade de existir um registro da fisionomia de Zumbi dos Palmares, a cabeça monumental é uma réplica de um rei nigeriano do século XII, construída por artistas do Reino de Benin e guardada até hoje no Museu de Londres.

Durante a sua inauguração, um grande show aconteceu na Praça Onze com a presença de mães-de-santo, afoxés e grupos de dança negra. Desde que foi inaugurado, o monumento se mostrou também resistente, como o seu líder inspirador, tendo já sofrido várias pichações públicas, devidamente removidas pela Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.

Monumento a Zumbi Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil | Rio tem homenagem a Zumbi e ações contra racismo no Dia da Consciência Negra

Durante a sua inauguração, um grande show aconteceu na Praça Onze com a presença de mães-de-santo, afoxés e grupos de dança negra. Desde que foi inaugurado, o monumento se mostrou também resistente, como o seu líder inspirador, tendo já sofrido várias pichações públicas, devidamente removidas pela Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.

Origens e propósito da construção

O monumento a Zumbi dos Palmares foi erigido com um propósito claro: homenagear e eternizar a memória de um dos maiores líderes quilombolas do Brasil. A construção foi idealizada como um ato de reconhecimento da importância de Zumbi na luta contra a escravidão e na defesa da liberdade para os afrodescendentes.

Zumbi dos Palmares

Zumbi

Zumbi dos Palmares, nascido livre no século XVII, na então Capitania de Pernambuco, em região hoje pertencente ao município de União dos Palmares, no estado de Alagoas, tornou-se último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior quilombo - refúgio de fugitivos escravizados. Sua resistência tenaz contra as investidas coloniais e a busca pela liberdade o transformaram em um símbolo da luta negra no Brasil. O monumento é uma homenagem a esse legado de resistência e bravura.

História da Praça Onze

Praca Onze

Algumas pessoas perguntam o porquê do monumentos estar em um local de difícil acesso e de passagem de veículos. O que as pessoas não sabem é que aquela região, denominada "Praça Onze", onde o monumento está situado, carrega consigo uma história rica. O nome remonta ao século XIX, quando era conhecida como Praça Onze de Junho, em alusão a data da batalha do Richuelo (Combate Naval no Riachuelo em 11 de junho de 1865).

Voltando um pouco mais no tempo, até a chegada da Família Real, em 1808, a região da Praça Onze era desabitada por ser pantanosa e considerada "selvagem". Após a intervenção da Família Real, já em 1810, a região começou a se desenvolver. Vias foram pavimentadas e foi criado o Largo do Rocio Pequeno, que viria a ser mais tarde a Praça Onze de Junho.

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A área seguia pouco movimentada, embora já tivesse certa presença comercial. Contudo, em 1842, durante o Segundo Reinado, o local recebeu a instalação de um chafariz, projetado por Grandjean de Montigny, que servia para o abastecimento das casas e estabelecimentos e isso impulsionou o crescimento.

Com a Abolição, grandes massas de ex-escravizados se instalaram nas precárias "casas de cômodos" que abundavam nas ruas adjacentes à Praça Onze de Junho. Com o passar do tempo, o espaço ficou limitado e não havia casas para todos, então, as pessoas passaram a habitar casebres improvisados nas encosta dos morros próximos.

Praca Onze

Nas décadas seguintes, a instalação de fábricas, como a de gás, de Visconde de Mauá, e a inauguração da Estrada de Ferro Dom Pedro II possibilitaram ainda mais desenvolvimento.

A original Praça Onze de Junho existiu por mais de 150 anos até a década de 1940 e era delimitada pelas ruas de Santana (a leste), Marquês de Pombal (a oeste), Senador Euzébio (ao norte) e Visconde de Itaúna (ao sul). A princípio denominada de "Largo do Rocio Pequeno", tornou-se nas primeiras décadas do século XX, um dos locais mais cosmopolitas da então Capital Federal, ao abrigar famílias de imigrantes recém desembarcados. As etnias mais populares no entorno da Praça eram os negros (na maioria oriundos da Bahia), seguidos pelos judeus (a região chegou a reunir a maior concentração judaica da história da cidade do Rio de Janeiro), além um grande número de portugueses, espanhóis e italianos.
Ao longo dos anos, a praça foi palco de eventos significativos e transformações urbanas, tornando-se um local simbólico para a história carioca.

Com a grande concentração de Afro-decendentes na região, no início do século XX, o samba teve seu surgimento. Das batucadas trazidas pelos negros, que se encontravam na casa da famosa baiana Tia Ciata, que morava na Praça Onze, surgiu o gênero musical.

Samba

Em 1926, por perseguições policiais, alguns compositores locais fundaram uma "escola de samba", nome eufêmico para uma associação recreativa que, na verdade, não tinha fins educacionais. A primeira foi a "Deixa Falar", cujas divisões, anos depois, resultariam em várias outras escolas, como a Estácio de Sá, Mangueira e Portela.

Nos anos 1930, devido às obras de modernização na região (entre elas a abertura da Avenida Presidente Vargas), a Praça foi sendo reduzida. Na década seguinte, a Praça Onze de Junho foi totalmente suprimida.

Em 1933, o prefeito Pedro Ernesto organizou o primeiro desfile oficial de escolas de samba na região, do qual a Mangueira sairia vencedora. Os desfiles passaram a ser anuais, com grande afluência do público.

Samba
Samba

Hoje em dia não resta nada da antiga praça nominada "Praça Onze de Junho", mas toda aquela região manteve o nome "Praça Onze", inclusive existe uma das estações do Metro Rio batizada com o mesmo nome.

O atual monumento a Zumbi dos Palmares situa-se em um pequeno terreno que fazia parte da antiga Praça. Basicamente ficaram as memórias de um local que tem a cara da cidade do Rio de Janeiro.

Este é um local que continua sendo importante para o samba, memória e para a história da construção da cultura Carioca. Por isso, os desfiles das Escola de Samba, no carnaval, acontecem alí. O Terreirão do Samba e o Sambódromo (Marquês de Sapucaí) estão localizados na área. Leia a matéria sobre a Marquês de Sapucaí.

Acesso ao Monumento: meios de transporte disponíveis

Para aqueles que desejam visitar o monumento, a Praça Onze é facilmente acessível por diversos meios de transporte. Ônibus, metrô (a estação Central do Brasil é a mais próxima), VLT (a estação Central do Brasil também é a mais próxima), taxi e veículos de aplicativo são opções convenientes. A localização da praça não é facilmente acessível por via peatonal, pois é preciso atravessar as vias da Avenida Presidente vargas com muita atenção. Não há local de estacionamento para veículos motorizados nem para bicicletas.


Samba