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A ex-bailarina, coreógrafa e professora Gerry Maretzki lança obra sobre a Corpo-Análise, o revolucionário processo terapêutico que criou há 30 anos
quinta-feira, 17 de junho de 2010
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A Corpo-Análise é uma proposta de trabalho que ensina as pessoas a conhecer as informações do corpo somático, a saber “ouvi- lo” e, assim, poder administrá-lo. Não se resume apenas a técnicas, conceitos e verdades científicas. Tem uma importante relação com o espaço e, mesmo nos movimentos específicos, há uma preocupação prioritária: nunca agredir a integridade corpo-mente-espírito. Enfim, contribui para a conquista de um estado de consciência integral, onde os aspectos físicos, emocionais, psicológicos e espirituais se fortalecem, enquanto parte de um todo interligado e interdependente.

Conceitos como estes estão no livro CORPO ANÁLISE – Soma e psychê construindo uma relação equilibrada, a ser lançado pelo Senac Nacional, no próximo dia 5 de julho, segunda-feira, às 19 horas, na Livraria Argumento do Leblon. A autora, Gerry Maretzki, é bailarina, coreógrafa e professora. Nascida em Berlim, na Alemanha, mas naturalizada brasileira, integrou o corpo de baile do Teatro Municipal de São Paulo, estudou em Paris, descobriu a linguagem da dança contemporânea com Alvin Nikolais, em Nova York, assinou a coreografia de filmes como “Eu te amo”, de Arnaldo Jabor, e, em 1980 criou a Corpo-Análise, baseada na sua nova abordagem corporal.

O livro, com prefácio do escritor e jornalista José Castello, que frequentou durante sete anos as sessões de Corpo-Análise no Rio de Janeiro, até se mudar para Curitiba, reúne cases, exercícios e uma bela história de vida, sob o olhar de Gerry Maretzi, hoje com 80 anos.

Sobre a Corpo-Análise – Tudo começou quando Gerry Maretzki frequentou, em Paris, o grupo da terapeuta corporal Thérèze Bertherat, criadora da antiginástica. Até então, Gerry não pensava em qualquer relacionamento com a terapia. Como profissional da dança, tinha aprendido a deixar as dores e o sofrimento do lado de fora do palco. Mas, uma delicada cirurgia na coluna realizada aos 39 anos para corrigir uma escoliose, acabou mudando o rumo de sua vida e a fez compreender o corpo como um todo.

Embora continuasse uma artista, encontrou recursos preciosos para que as pessoas se conectassem ao corpo, descobrindo a riqueza dos movimentos. Conheceu a técnica terapêutica craniossacral desenvolvida pelo dr. William G. Sutherland e uniu os estudos ao lado artístico. O nome Corpo-Análise surgiu por acaso. Uma aluna, com anos de psicanálise, a procurou para complementar seu processo com um trabalho corporal e a surpreendeu, no final da aula, quando disse: “agora estou fazendo a minha corpo-análise”. E assim nomeou o que buscava.

Os primeiros grupos de CA (como a autora chama seu processo) foram iniciados numa casa na Urca, onde morava. Era gente que havia feito um trabalho de conscientização corporal com Gerry e confiava na nova proposta. Algum tempo depois, de volta a Paris, descobriu Moshe Feldenkrais, engenheiro mecânico e doutor em física, que sofreu uma séria lesão no joelho e criou um método importante no novo campo terapêutico da Somática, ciência que ensina a ter melhor coordenação corporal e a reconhecer estados de equilíbrio.

Em 1983, Gerry fundou o Centro de Corpo-Análise, na Rua Redentor, em Ipanema. Realizou inúmeros congressos internacionais, além de seminários, palestras e workshops. Em 1990, fundou a Casa do Cosme Velho, que abriga o Instituto Jung do Rio de Janeiro, com atendimentos em medicina chinesa e Corpo-Análise. Em 1995, transferiu o consultório para a Rua Sambaíba, no Alto Leblon. Um de seus últimos trabalhos no exterior foi o Seminário “A evolução neurofisiológica do primeiro ano de vida do bebê”, em Massachusetts (EUA), com Bonnie Bainbridge Cohen. Hoje, Gerry mora em Arraial da Ajuda, na Bahia, e ainda está na ativa.

O livro conta com uma parte dedicada às tensões dos mais diversos tipos. São casos vivenciados no consultório ao longo de 30 anos de clientes pedindo socorro: insônia, cólicas intestinais, prisão de ventre e, principalmente, o estresse. No último capítulo, Gerry propõe vários exercícios, ilustrados por figuras. O objetivo de todos eles é estabelecer uma melhor integração estrutural funcional.

Devem ser realizados uma ou duas vezes por semana, sempre que possível em grupos e, de preferência, em chão de madeira, o grande aliado da CA. Para chegar a esta série foi importantíssima a colaboração de Françoise Mézières, fisioterapeuta francesa (1909-1991), que dedicou toda sua vida ao estudo da mecânica muscular, com importantes descobertas no que se refere à postura humana.

Depoimento de José Castello – No prefácio, o jornalista e escritor relata como chegou ao consultório de Gerry Maretzki, prestes a completar 40 anos. “Andava com o corpo infestado de pequenas dores, disfunções ligeiras atribuídas pelos médicos ao estresse, incômodos vagos que eu nem chegava a ter certeza se, de fato, sentia”.

“Gerry me fez ver que eu precisava, antes de tudo, de paciência, abandonar a correria e me concentrar em mim. Ouvir os lamentos discretos do meu corpo e lhes dar valor”. Na Corpo-Análise, José Castello descobriu que a vida é outra coisa. Nas primeiras aulas, confessa que custou a acreditar na potência dos exercícios, “mínimos, quase invisíveis”. Com o passar das semanas, se perguntava: “como o movimento de delicadas bolinhas de pingue-pongue sobre os pés pode gerar tanta paz”?

Com a Corpo-Análise, José Castello reconhece que aprendeu, antes de tudo, o valor da lentidão. “Vá dizer isso a um jornalista e ele achará que você está louco! Contudo, só na obstinação vagarosa conseguimos, de fato, chegar a ser o que somos”.

>> SERVIÇO <<
Lançamento do livro CORPO ANÁLISE – Soma e psychê construindo uma relação equilibrada, de Gerry Maretzki
Dia 5 de julho [segunda-feira], às 19 horas
Livraria Argumento do Leblon – Rua Dias Ferreira, 417, telefone: 2239-5294

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