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Museu Histórico Nacional abre novo circuito de exposições de longa duração, da pré-história brasileira ao século XXI
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
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Dia 22 de novembro de 2010, às 18h, é uma data especial! É o dia oficial de abertura do novo circuito de exposições de longa duração do Museu Histórico Nacional, abrangendo da pré-história brasileira ao século XXI.

Além de peças tradicionais do acervo do próprio museu, muitas das quais há muitos anos longe do olhar do público, obras contemporâneas integram o novo circuito, como as três obras em 3 D lenticular, com efeito tridimensional, do artista plástico Carlos Vergara que fazem uma releitura contemporânea da missões jesuíticas de São Miguel das Missões; o altar de Oxalá, criado pelo artista plástico e diretor do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo, e o painel grafiti do Grupo Rimas e Tintas, com uma interpretação da questão habitacional no Brasil.

Dividida em quatro grandes núcleos - "Oreretama", "Portugueses no Mundo: 1415 a 1822 -", “A Construção da Nação: 1822 – 1889" e “A Cidadania em Construção: 1889 à atualidade" - o novo circuito de exposições conta com uma série de recursos multimídia para auxiliar o visitante na compreensão de nossa história: multivisão panorâmico com as rotas de todas as grandes navegações portuguesas; a leitura da "Carta de Caminha" na voz do inesquecível Paulo Autran; a leitura de trecho da obra de Gilberto Freyre por Maria Bethania e vídeos ilustrativos da história contemporânea.

Ao lado de pinturas ícones da história do Brasil - "O Combate Naval do Riachuelo", de Vitor Meireles; "O Baile da Ilha Fiscal", de Aurélio de Figueiredo e Melo e "A República", de Helios Seelinger, louças brasonadas, quadros e bustos dos personagens da história, peças de numismática, entre outros, também integram as exposições itens do cotidiano, tais como uniformes de trabalho, brinquedos, eletrodomésticos, documentos pessoais (certidão de nascimento, título de eleitor, passaporte), urnas e cédulas de votação.

>> MUSEU HISTÓRICO NACIONAL - 2003-2010 <<

Recuperar uma parte da arquitetura original, ampliar espaços destinados ao público, aprimorar os serviços oferecidos aos visitantes, democratizar o acesso dos mais diversos segmentos da sociedade e viabilizar a circulação e o percurso adequados ao discurso museográfico: essas foram as diretrizes que nortearam o “Projeto de Restauração e Modernização do Museu Histórico Nacional”.

Através desse projeto, previsto para ser realizado em três fases, o Museu Histórico Nacional seguia a tendência mundial dos grandes museus nacionais de se adequarem às necessidades impostas pelo aumento do fluxo de visitantes e à valorização das instituições culturais nesse novo milênio.

Com a aprovação do IPHAN e apoio efetivo do Departamento de Museus e Centros Culturais e da Associação dos Amigos do Museu Histórico Nacional, a primeira fase das obras foi iniciada em dezembro 2003, a partir da liberação de recursos pelo Ministério da Cultura.

Nessa fase, concluída em setembro de 2004, foi recuperada uma área de 1.500 metros quadrados, próxima ao Pátio da Minerva, que estava completamente sem uso há mais de trinta anos. Duas amplas galerias – uma no térreo e outra no segundo pavimento – viabilizaram o acesso ao circuito de exposições de longa duração, através da instalação de escadas rolantes e de elevador para portadores de necessidades especiais. A monumental escultura equestre em gesso de D. Pedro II, de Francisco Manoel Chaves Pinheiro, totalmente restaurada pela equipe do Museu, ganhou espaço no primeiro andar. Tapeçarias, espelhos, porcelanas e mobiliário franceses, além de uma coleção de bustos das famílias real portuguesa e imperial brasileira, passaram a ornamentar a galeria do segundo andar.

Foram disponibilizados no andar térreo a Recepção ao visitante, o guarda-volumes e a cafeteria, além de novos sanitários públicos e áreas de serviços gerais.

Com as presenças dos então Ministro da Cultura do Brasil, Gilberto Gil, e do Primeiro Ministro de Portugal, Pedro Santana Lopes, esses novos acessos foram inaugurados no dia 9 de setembro de 2004, com a abertura da exposição “Artes Tradicionais de Portugal”, promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian, responsável pela refrigeração de mil metros quadrados das galerias que abrigavam essa exposição.

Ainda em 2004, com apoio da Vitae Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social e do Fundo Nacional da Cultura do Ministério da Cultura, o Arquivo Institucional do Museu teve seu espaço físico totalmente recuperado e reequipado. E, graças ao patrocínio da Associação dos Amigos do Museu Histórico Nacional, foram instaladas no Beco dos Tambores e no Pátio dos Canhões rampas de acesso ao hall do elevador e uma plataforma móvel para integrar a exposição “Farmácia Homeopática Texeira Novaes” a outra galeria em nível superior.

Em novembro daquele ano e a partir da assinatura de contrato entre o MHN, a AAMHN e a Caixa Econômica Federal, foram liberados recursos para o início da segunda fase de obras.

Nessa etapa, foi demolida a laje construída em 1940, quando parte do conjunto arquitetônico era utilizada pelo Ministério da Agricultura, para abrigar um canteiro de experiências agrícolas e que gerava no pavimento térreo insalubridade, comprometendo a integridade física do acervo sob a guarda do Museu.

Essa obra, concluída em novembro de 2005, foi fundamental para resgatar a arquitetura original de 1922, devolvendo ao público um pátio interno interligando os pátios da Minerva e dos Canhões. Com uma área de dois mil metros quadrados, o novo pátio recebeu o nome de Gustavo Barroso, numa homenagem ao fundador e primeiro diretor do Museu Histórico Nacional.

Com o patrocínio da HOLCIM (Brasil ) S. A foram recuperados mil metros de galerias voltadas para esse novo pátio, para abrigar a coleção de veículos de transportes terrestres do Museu em sua totalidade. A exposição “Do Móvel ao Automóvel: Transitando pela História”, reunindo 27 peças, é a única exposição de longa duração que permanece no térreo, devido ao acervo ser de grandes dimensões. Ressaltamos que as viaturas a tração animal foram restauradas pela equipe do Museu com o patrocínio da Vitae Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social e da Associação dos Amigos do Museu Histórico Nacional.

A terceira fase de obras, realizada também em 2005 com recursos do Ministério da Cultura, ampliou o auditório do Museu, dobrando a capacidade de atendimento de cem para duzentos lugares, o que vem possibilitando atender a um maior número de interessados nos cursos e seminários promovidos pela Instituição. Essa etapa incluiu, também, a recuperação do Pátio dos Canhões, que contou com o apoio do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro e do Instituto Benjamin Constant, que refez todas as legendas em braille.

Paralelamente à realização das obras, iniciou-se em 2006 o “Projeto de Revitalização do Circuito de Exposiçôes de Longa Duração”, com o objetivo de instalar no segundo andar todas as exposições de longa duração.

Já dentro dessa proposta, espaços do segundo andar foram recuperados com recursos do Ministério da Cultura e do BNDES Cultural para abrigar a exibição do multivisão panorâmico sobre o Museu Histórico Nacional e a primeira exposição do novo circuito, a “Oreretama”. Também em 2006, foram realizadas obras estruturais no terceiro andar, onde funciona a Administração, proporcionando melhores condições de trabalho e de segunraça.

Todas as obras dessa etapa foram inauguradas no dia 19 de maio de 2006, com a presença do então Ministro da Cultura, Gilberto Gil, entre outras autoridades.

Ainda nesse ano, com o patrocínio da SIEMENS e apoio da Associação dos Amigos do MHN, foi aberta no segundo andar da Casa do Trem a exposição “Coleções de Moedas, Uma Outra História”.

Em abril de 2007, financiada pela Associação dos Amigos do MHN, o Museu Histórico Nacional realiza um grande sonho: a abertura da Loja do Museu, próxima ao Auditório e ao Pátio da Minerva. O espaço foi inteiramente adequado para essa finalidade, com a instalação de equipamentos, mobiliário e sinalização, além do oferecimento de novos produtos ao público. Nesse ano, a AAMHN financiou ainda a instalação de plataforma móvel para integrar o Hall dos Arcazes ao Pátio dos Canhões e ao palco do auditório.

A partir da criação do Instituto Brasileiro de Museus/IBRAM em janeiro de 2009, o Museu passou a contar com o efetivo apoio desse Instituto para dar sequencia ao “Projeto de Revitalização do Circuito de Exposições de Longa Duração”. Graças ao IBRAM/Ministério da Cultura ampliou-se a recuperação de espaços físicos no segundo piso e, com recursos da Associação dos Amigos, foram abertos em 16 de abril de 2009 os dois primeiros módulos da exposição “Portugueses no Mundo”.

Com recursos do IBRAM, outras duas galerias dessa exposição, foram inauguradas em abril do ano seguinte. Ainda em 2010, graças ao patrocínio do BNDES, as demais galerias de exposição do segundo andar passaram por obras de recuperação e foram dotadas de infra-estrutura para acolher as exposições restantes do novo circuito.

A PSA Peugeot Citroen uniu-se ao projeto e viabilizou a abertura do último módulo de “Portugueses no Mundo” e da primeira galeria da exposição “A Construção da Nação”.

As galerias ao redor do Pátio dos Canhões foram totalmente restauradas pelo BNDES e são dedicadas à montagem de exposições temporárias, inclusive internacionais. No momento, abrigam a exposição “Pioneiros & Empreendedores – a saga do desenvolvimento no Brasil”, promovida pela USP e realizada pela Expomus.

>> O NOVO CIRCUITO DE EXPOSIÇÕES DE LONGA DURAÇÃO <<

As novas exposições são apresentadas de forma cronológica, da pré-história brasileira ao atual período republicano. Ao longo do percurso, acervo tradicional, peças contemporâneas e recursos multimídia auxiliam o visitante na compreensão da história.

:: Multivisão panorâmico
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Em galeria com teto decorado com pintura de Carlos Oswald, é projetado um multivisão panorâmico sobre a trajetória do MHN.

:: Oreretama
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Ambientação reproduz caverna pré-histórica do Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí, com desenhos rupestres representando animais. Sambaquis encontrados no litoral do Rio de Janeiro, alertam para a necessidade de preservação dos sítios arqueológicos e do meio ambiente. Palavra que em tupi significa “a nossa morada”, Oreretama apresenta a pré-história brasileira e as populações indígenas, sua cultura, utensílios, mitos e saberes. Acervo e multimídia documentam a cerimônia do Kuarup.

:: Portugueses no Mundo - 1415-1822
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Apresenta desde a expansão marítima portuguesa, suas causas e conseqüências, sobretudo a colonização do Brasil, até a proclamação da Independência por D. Pedro I. São abordados: o período da União Ibérica, com Portugal e Espanha governados pela mesma Coroa; as presenças francesa e holandesa nos séculos XVI e XVII; a expansão territorial da colônia; a exploração de ouro e diamantes nas Minas Gerais e seu reflexo na estética do Barroco; a contribuição cultural dos negros africanos e seus descendentes na formação histórica brasileira; as transformações ocorridas no Rio de Janeiro e Brasil a partir da chegada de D. João, em 1808, e as causas que levaram à proclamação da independência.

Multimídia com as rotas das navegações portuguesas empreendidas (1415 e 1557) e a “Carta de Caminha”, narrada por Paulo Autran, dinamizam a exposição. Entre as peças de acervo, a moeda “Índio”, exemplar único no mundo, cunhada em prata no reinado de D. Manuel I (1495-1521).

:: A Construção da Nação – 1822–1889
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Apresenta desde a Independência até o exílio da família imperial com a proclamação da República. São abordados: os conflitos e as soluções sob a égide do Imperador D. Pedro I; sua abdicação e retorno a Portugal; o cumprimento da Constituição de 1824, assegurando o trono a D. Pedro II; a consolidação do Estado Imperial; a economia baseada na mão de obra escrava; a guerra da Tríplice Aliança; a atuação da Princesa Isabel, a abolição da escravidão, o exílio a partir da Proclamação da República.

O Imperador D. Pedro II é apresentado a partir de três enfoques: o filósofo e sua relação com os avanços artísticos, científicos, tecnológicos; o Imperador por ele mesmo, com frases do próprio revelando seu modo de ver temas como a educação, o dever do Estado, a saúde, etc. e o Imperador visto pela imprensa.

Em exposição, exemplar raro da medalha intitulada Peça da Coroação de D. Pedro I, a mesa da Constituinte de 1824, símbolos do segundo reinado, e pinturas monumentais como Combate Naval do Riachuelo e O Baile da Ilha Fiscal.

:: A Cidadania em Construção - 1889 à atualidade
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Apresenta o sistema republicano instaurado a partir de 1889, abordando os direitos políticos, civis e sociais.Ser cidadão significa pertencer a uma comunidade, exercer direitos e deveres, reconhecer a distinção entre os interesses públicos e privados. Em exposição, o painel síntese da história do Brasil, de Clécio Penedo e o tríptico A República, de Helios Seelinger; a mesa da Constituinte de 1891; retratos de Tiradentes, cujo mito de herói foi uma criação republicana; urnas, títulos de eleitor e cédulas de votar, entre outros documentos; uniformes e instrumentos de trabalho, objetos relacionados à educação, saúde, moradia, esporte e lazer. Vídeos com imagens do século XX permeiam toda a exposição.

>> OUTRAS EXPOSIÇÕES DE LONGA DURAÇÃO <<

:: Farmácia Homeopática Teixeira Novaes - segundo andar
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Reconstituição da tradicional farmácia que funcionou de 1847 a 1983 na Rua Gonçalves Dias, no centro do Rio de Janeiro, e foi doada ao Museu em 1987 pela Fundação Roberto Marinho. As novas cenografia e iluminação valorizam esse significativo testemunho material da história social e econômica do Brasil.

:: Do Móvel ao Automóvel: Transitando pela História” - térreo
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A única exposição de longa duração que permanece no térreo, devido ao acervo de grandes proporções, reúne 27 peças, entre cadeirinhas de arruar, berlindas, traquitanas e um automóvel do início do século XX, o Protos, que pertenceu ao Barão do Rio Branco. Em destaque, veículos da Casa Real portuguesa e da família imperial brasileira.

:: As Moedas Contam a História – segundo andar da Casa do Trem
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A evolução da moeda no mundo, do século VII a. C. ao XX, abrangendo praticamente todas as regiões habitadas do planeta. Fornece um panorama da história política, econômica e social. Entre as peças, uma das primeiras moedas cunhadas no mundo, um meio estáter de prata do rei Creso, da Lídia, datada do século VI a. C.; moeda romana retratando o Imperador Júlio Cesar de 46 a. C. e outra em bronze – 80 dracmas – com a imagem da rainha do Egito Cleópatra VII. Todas as moedas atualmente em circulação, inclusive o euro, também estão em exposição.

:: Coleção de Moedas – Uma Outra História - segundo andar da Casa do Trem
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Recriação de um antigo Gabinete de Numismática, mostrando a formação da coleção do próprio Museu, representada por conjuntos de moedas, medalhas, condecorações, papel moeda, selos, sinetes, cunhos e matrizes, além de itens contemporâneos, como cartões telefônicos.

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>> De Fortaleza a Museu: Histórico do conjunto arquitetônico que abriga o MHN

Numa ponta que avançava sobre o mar, localizada no centro histórico do Rio de Janeiro, entre as então existentes praias de Piaçaba e Santa Luzia, posteriormente conhecida como Ponta do Calabouço, os portugueses construíram em 1603 a Fortaleza de Santiago, origem do conjunto arquitetônico que abriga o Museu Histórico Nacional. Outras edificações somaram-se à Fortaleza, como a Prisão do Calabouço (1693), destinada a escravos faltosos; a Casa do Trem (1762), para a guarda do “trem de artilharia” (armas e munições); o Arsenal de Guerra (1764) e o Quartel para abrigar as tropas militares (1835).

Por sua localização estratégica para a defesa da Baía da Guanabara e da própria cidade, a região foi uma área militar até 1908, quando o Arsenal de Guerra foi transferido para a Ponta do Caju.

Na década de 1920, a Ponta do Calabouço foi aterrada e urbanizada para acolher a Exposição Internacional comemorativa do Centenário da Independência do Brasil. As edificações do antigo Arsenal de Guerra foram ampliadas e receberam elementos decorativos característicos da arquitetura neo-colonial.

Em 1922, foram abertas ao público, abrigando o “Palácio das Grandes Indústrias”, um dos mais visitados pavilhões da Exposição do Centenário. Em duas galerias desse Pavilhão foi instalado o Museu Histórico Nacional, criado naquele mesmo ano pelo então Presidente da República, Epitácio Pessoa, para dotar o Brasil de um museu dedicado à história nacional.

Durante o século XX, o Museu passou a ocupar todo o espaço arquitetônico e formou um dos maiores acervos do país, que representa atualmente 67% das coleções nacionais em museus pertencentes ao Ministério da Cultura. Reúne cerca de 277 mil itens, entre objetos históricos e artísticos, documentos, livros raros e a mais significativa coleção de numismática da América Latina e uma das mais expressivas do mundo.

Da Fortaleza de Santiago e da Prisão do Calabouço, restam apenas as fundações. No entanto, permaneceram até hoje a Casa do Trem, totalmente recuperada na década de 1990, o prédio do Arsenal de Guerra e seu imponente Pátio da Minerva e o Pavilhão da Exposição de 1922, atual Biblioteca do Museu.

Na primeira década do século XXI, foram executadas obras de restauração e modernização do Museu Histórico Nacional, visando ampliar espaços destinados ao público, aprimorar os serviços oferecidos aos visitantes, democratizar o acesso dos mais diversos segmentos da sociedade e viabilizar a circulação e o percurso adequados ao discurso museográfico. Etapa seguinte foi a revitalização do circuito de exposição de longa duração, que passou a ser concentrado no segundo pavimento, liberando galerias do térreo para exposições temporárias.

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